Reforma Política: bancada baiana se divide na votação do 'distritão'
Por Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews) | Fotos: Agência Câmara
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Os 39 deputados federais marcaram presença na sessão
A bancada baiana na Câmara dos Deputados se dividiu na votação do principal ponto da reforma política proposto pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ): o chamado “distritão”, modelo em que os deputados e vereadores seriam eleitos apenas de acordo com a quantidade de votos recebidos, no sistema majoritário. A proposta foi rejeitada por 267 votos a 210 e 5 abstenções.
Dos 39 deputados baianos que participaram da votação, 19 votaram contra e 20 favoráveis à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 182/07. A Câmara manteve o modelo atual, com sistema proporcional, que leva em conta os votos recebidos individualmente pelos candidatos de um partido e os recebidos pela legenda. Esses votos são usados para um cálculo de quantas vagas cada partido consegue preencher. Outras mudanças nesse sistema – como a cláusula de barreira e mudanças nas coligações – poderão ser discutidas nesta quarta (27), quando o Plenário vai retomar a discussão da reforma.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), ressaltou que manteve "rigorosamente" a promessa de votar a reforma política em Plenário, permitindo que os deputados votem todos os modelos propostos. Segundo ele, os deputados terão de arcar com o resultado das votações. "Não aprovar nenhum modelo significa votar o modelo de hoje, uma decisão que a Casa tem de assumir a responsabilidade", disse.
O relator da matéria, deputado Rodrigo Maia, responsabilizou o PT pela derrota. “O PT mobilizou uma parte da sua base, virou votos da semana passada para essa e provou que não quer mudar nada”, disse.
O líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani (RJ), outro partidário do distritão, também lamentou a derrota. “A decisão da maioria foi de não promover mudança no sistema eleitoral. O PMDB cumpriu o seu papel e defendeu a mudança do sistema”, disse.
Quem comemorou o resultado foi o deputado Henrique Fontana (PT-RS). “Derrotamos o que era o grande risco de retrocesso para a democracia do País, que era o distritão, um sistema que seria o paraíso do abuso do poder econômico e o fim dos partidos”, disse.
O líder do PR, deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL), chamou o "distritão" de "canto da sereia". "Em princípio, parece um sistema que prega a simplicidade, mas é o sistema que personifica a eleição e fragiliza os partidos e ideias. Cada deputado seria um partido político", disse ele, afirmando que o modelo de eleger os mais votados inviabiliza as minorias.
Para o deputado Vinicius Carvalho (PRB-SP), o distritão não atenderia aos que foram às ruas desde 2013 pedindo mudanças nos rumos do governo. "No Japão, chegou-se à conclusão de que o distritão favorecia a disputa individualizada, a disputa entre os parlamentares e estimulava também os casos de corrupção e caixa dois. É isso que nós queremos dar como resposta ao clamor das ruas?", questionou.
O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ) também avaliou que o voto majoritário fortalece o personalismo e iria piorar a política. "Aprovar esse sistema majoritário individualista, que mata a ideia de solidariedade partidária, é colocar no alto do trono da política brasileira o cada um por si, a campanha rica, o partido como um mero carimbador", criticou.
Para o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), no entanto, não haveria problema em aumentar o personalismo. Ele defendeu a aprovação do “distritão”. "Sejamos individualidades, nós representamos o povo, não temos de ser usados como cabos eleitorais de luxo ou para cumprir ordens dos donos da política", avaliou.
O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), argumentou que o distritão poderia ser a solução para o excesso de partidos. "Este Parlamento, do ponto de vista partidário, está uma verdadeira zorra, são 28 partidos com assento, recorde mundial", disse. Hoje, segundo ele, os aspirantes a candidato já buscam partidos não pela ideologia, mas pela facilidade de se eleger. "Esse é o mundo real, não adianta aula de cientista político", ressaltou.
Veja como votou cada deputado baiano na sessão que derrubou o "distritão".
Bahia - 39 deputados presentes
José Carlos Aleluia | DEM | Não | Claudio Cajado | DEM | Sim | |
Félix Mendonça Júnior | PDT | Não | Elmar Nascimento | DEM | Sim | |
João Carlos Bacelar | PR | Não | Paulo Azi | DEM | Sim | |
José Rocha | PR | Não | Alice Portugal | PCdoB | Sim | |
Márcio Marinho | PRB | Não | Daniel Almeida | PCdoB | Sim | |
Tia Eron | PRB | Não | Davidson Magalhães | PCdoB | Sim | |
Bebeto | PSB | Não | Lucio Vieira Lima | PMDB | Sim | |
Irmão Lazaro | PSC | Não | Cacá Leão | PP | Sim | |
José Carlos Araújo | PSD | Não | Mário Negromonte Jr. | PP | Sim | |
Paulo Magalhães | PSD | Não | Roberto Britto | PP | Sim | |
Antonio Imbassahy | PSDB | Não | Ronaldo Carletto | PP | Sim | |
Afonso Florence | PT | Não | Erivelton Santana | PSC | Sim | |
Caetano | PT | Não | Fernando Torres | PSD | Sim | |
Jorge Solla | PT | Não | José Nunes | PSD | Sim | |
Moema Gramacho | PT | Não | Sérgio Brito | PSD | Sim | |
Valmir Assunção | PT | Não | João Gualberto | PSDB | Sim | |
Waldenor Pereira | PT | Não | Jutahy Junior | PSDB | Sim | |
Uldurico Junior | PTC | Não | Antonio Brito | PTB | Sim | |
Bacelar | PTN | Não | Benito Gama | PTB | Sim | |
Arthur Oliveira Maia | SDD | Sim |
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