domingo, 11 de outubro de 2015

Zeladora é presa pela PF por furto qualificado ao comer bombom de delegado

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Delegado-corregedor pirou após mexerem no seu doce | Foto: Reprodução
Uma zeladora foi presa após comer um bombom de um delegado da Polícia Federal na sede do órgão em Boa Vista, capital de Roraima. Segundo a assessoria da PF, a mulher entrou na sala do delegado Agostinho Cascardo e viu uma caixa cheia de bombons e resolveu comer um. “Estava limpando a sala dele e tinha uma caixinha cheia de bombons sobre a mesa. Peguei um e pensei comigo mesma: depois falo para ele, porque não vai ‘fazer questão’ de um bombom. Comi o chocolate na sala. Terminei a limpeza e saí. Não sei porque comi. Não tenho o costume de pegar ‘coisas’ dos outros, nunca mexi em nada. Não é porque uma pessoa é de uma família pobre que ela vai sair pegando as coisas dos outros “, relatou a funcionária, que foi autuada por furto qualificado, ao portal G1.
A mulher contou ter saído do prédio da Polícia Federal para resolver problemas pessoais e, ao retornar, foi abordada por um escrivão, que a chamou para ser ouvida. “Não sabia porque estavam me chamando. De qualquer forma, assinei dois documentos que ele me entregou, até pedi uma cópia, mas ele não me deu”, afirmou. Ao ser levada à sala do delegado Cascardo, que também é corregedor da PF, ela foi questionada sobre o bombom que estava na mesa. “Eu admiti ter comido. Me questionou onde estava a embalagem e o levei até a lixeira. Revirei o lixo e encontrei o papel do bombom. Me ofereci para pagar o chocolate, mas o delegado disse que não era essa a questão. Ele disse que assim como eu tinha pegado o bombom, poderia ter sido um documento. Jamais pegaria”, sustentou.
PROVA DO CRIME – Ao entregar a embalagem, ela viu o material sendo embrulhado como ‘prova de um crime’. “Ainda tive que assinar um documento sobre a apreensão da embalagem e prestei depoimento por quase uma hora. Na minha opinião, o corregedor deveria primeiro ter me procurado, em vez de mandar outros policiais atrás de mim. Ele se precipitou ainda ter colocado câmeras na sala por desconfiar de mim”, comentou. A zeladora adiantou que vai procurar um advogado para saber o que pode fazer sobre o caso. “Quero saber se o que fiz foi errado, porque eu nem sequer tive a chance de me defender. Sei que estou abaixo dele [corregedor], mas queria conversar e entender porque ele fez tudo isso comigo”, concluiu.
ABUSO DE PODER – Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima (OAB-RR), Jorge Fraxe, a ação do delegado-corregedor foi ‘desproporcional’ e pode ser classificada como abuso de poder. Para ele, Cascardo errou em usar a estrutura da PF para “resolver um problema pessoal”.
“Se ele tivesse se sentido lesado, a apuração teria de ser feita no âmbito da Polícia Civil, porque a zeladora não é servidora da Polícia Federal e não tem foro especial. Agora, ele usar a estrutura da PF, que serve para investigar desvios de condutas da própria instituição, contra essa moça é um absurdo, é desproporcional e desnecessário”, avaliou Fraxe.
Ainda conforme o presidente da OAB-RR, o ato da zeladora não pode ser classificado como crime e nem enquadrado como furto qualificado, “porque não afetou a esfera de direito de ninguém, não feriu o patrimônio do corregedor e não teve nenhuma tipificação de crime”. “Nenhum juiz classifica isso dessa maneira. É um desvio de conduta mínimo”, declarou ao G1. Fraxe disse ainda que a servidora deve procurar a Comissão de Direitos Humanos da OAB-RR para registrar o ocorrido. “O caso precisa ser avaliado, ela tem que buscar um advogado para se proteger”, concluiu.

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