O que você precisa saber sobre impeachment
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A série
de manifestações convocadas via redes sociais para o próximo domingo
(15) pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff colocam em
questão esse instituto jurídico. Veja abaixo 10 mitos e verdades sobre o
processo de impeachment.
O que leva ao impeachment?
Para
que o pedido de abertura de impeachment tenha consistência, devem
existir provas de que o mandatário cometeu algum crime comum (como
homicídio ou roubo) ou crime de responsabilidade –que envolve desde
improbidade administrativa até atos que coloquem em risco a segurança do
país, explicitados na lei 1.079.
O segundo colocado nas eleições assume?
Não.
Segundo a Lei 1.079/50, caso o processo de impeachment seja julgado e
considerado procedente quem assume é o vice, no caso, Michel Temer
(PMDB-SP), que permanece até o fim do mandato. Caso o vice também seja
afastado ainda durante a primeira metade do mandato serão convocadas
novas eleições. Caso ele seja afastado a partir da segunda metade do
mandato as eleições são indiretas, no caso, apenas os membros do
Congresso Nacional podem votar nos candidatos. Enquanto as eleições
acontecem, quem assume é o terceiro na linha sucessória, o presidente da
Câmara dos Deputados, atualmente o peemedebista Eduardo Cunha.
Qualquer pessoa pode pedir o impeachment do presidente?
Sim.
Qualquer pessoa pode encaminhar ao Congresso Nacional uma denúncia de
crime de responsabilidade, o que inclui políticos como parlamentares. No
entanto, cabe ao presidente da Câmara dos Deputados julgá-la procedente
e abrir uma comissão especial para analisar o pedido.
O pedido de impeachment pode ser feito via abaixo assinado?
Não. A
denúncia por crime de responsabilidade precisa ser feita por uma pessoa
física e deve ser acompanhada dos documentos que a comprovem. No caso do
impeachment do ex-presidente Fernando Collor, o processo durou cerca de
sete meses, desde a instalação da comissão parlamentar mista de
inquérito, em 1º de junho de 1992, até a renúncia de Collor, em 29 de
dezembro de 1992.
Impeachment leva a uma nova eleição?
A única
possibilidade de ocorrer uma nova eleição é se, além do presidente, o
vice também for afastado ainda na primeira metade do primeiro mandato.
Enquanto a eleição é convocada, no entanto, quem assume é o presidente
da Câmara dos Deputados.
Impeachment pode ser decidido por voto popular?
Não.
Quem recebe a denúncia e a avalia se ela será transformada em processo e
encaminhada aos parlamentares é o presidente da Câmara dos Deputados.
CPI pode aprovar impeachment?
Não. O pedido de impeachment precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional e pelo Senado.
Qual a diferença entre impeachment e cassação?
Impeachment
é o processo que pode tirar o cargo do político, tornando-o inelegível
por oito anos. Já a cassação é apenas a perda do mandato.
Pode ocorrer uma intervenção militar no país?
Segundo o artigo 142 da
Constituição, "as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e
regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a
autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem." Para a jurista e professora da Uerj
(Universidade Estadual do Rio de Janeiro) Vania Aieta, especialista em
Direito Constitucional, hoje não parece haver indícios de que as Forças
Armadas teriam interesse em intervir no processo democrático do país.
"Não há grandes lideranças militares e os quadros das Forças Armadas
parecem mais preocupados com questões como o soldo e melhoria do padrão
de vida."
Quem pode determinar o impeachment?
O
pedido de impeachment é avaliado pelo presidente da Câmara dos Deputados
e, caso seja encaminhado aos parlamentares, precisa receber os votos de
dois terços dos deputados da casa para continuar. Depois o processo é
levado para julgamento no Senado, e também precisaria da adesão de dois
terços dos membros. A sessão é presidida pelo presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal) e precisa ocorrer em até 180 dias depois que chega no
Senado, período pelo qual o presidente fica afastado do cargo e o vice
assume. Se o julgamento não tiver sido concluído nesse prazo, o
presidente volta às funções.
O que precisa haver de provas para se afastar um presidente?
Para a
jurista e professora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro)
Vania Aieta, especialista em Direito Constitucional, há uma confusão
entre insatisfação política e a real necessidade de um impeachment. "O
processo democrático nem sempre agrada. A população confunde institutos
jurídicos com a insatisfação", afirma. Além da necessidade de se provar
que houve de fato crime de responsabilidade, ela lembra que a
possibilidade de impeachment está intimamente ligada ao prestígio de que
o presidente goza dentro do Congresso Nacional e do Senado. "Antes de
qualquer coisa, o impeachment é uma decisão política dentro do universo
jurídico", afirma. "A grande pergunta agora é se o Congresso tem
interesse nesse processo."
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