Eldorado dos Carajás: Governo entrega fazenda a sem terras; Valmir pede punição
Nesta sexta-feira, dia 17 de abril, completa 19 anos do Massacre de
Eldorado dos Carajás, no Pará, onde 21 trabalhadores sem terras foram
assassinados durante protesto pela reforma agrária, em 1996. O deputado
federal Valmir Assunção (PT-BA), um dos membros do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e o ministro do Desenvolvimento
Agrário, Patrus Ananias, estiveram no estado para acompanhar a entrega
da fazenda Peruano, a 12km de onde ocorreu o massacre, às 300 famílias
de acampados do local.
![](http://www.bocaonews.com.br/fotos/noticias/111612/mg/001.jpg)
Conforme informa o deputado, depois de 19 anos dos crimes, ainda há
envolvidos que não foram punidos. “O coronel Mário Colares Pantoja e o
major José Maria Pereira, que comandaram o massacre, foram presos depois
de 16 anos, em maio de 2012. Os 155 policiais militares executores
diretos foram absolvidos. O então governador do Pará, Almir Gabriel [que
morreu em fevereiro de 2013] e o secretário de Segurança, Paulo Sette
Câmara, não foram indiciados”. Segundo Valmir, essa impunidade
estende-se para outros estados. “O latifúndio conta com esta condição
para seguir matando camponeses e povos tradicionais. A entrega da área
para assentamento é uma resposta necessária. Por isso, um grande ato
ecumênico e político foram realizados nesta sexta. É preciso deixar
claro que a resolução dos conflitos no campo está intimamente ligada com
a promoção da reforma agrária e a violência diretamente ligada à
reconcentração de terras”, salienta.
Aumento na concentração de terras
De acordo com os dados do Incra, houve um aumento da concentração da
terra no Brasil, entre 2010 e 2014, com cerca de 6 milhões de hectares
passando para as mãos dos grandes proprietários – quase três vezes o
estado de Sergipe. O Atlas da Terra Brasil 2015, feito pelo CNPq/USP,
aponta que 175,9 milhões de hectares são improdutivos. E que já podem
ser destinados à reforma agrária. Valmir ainda informa que o ministro
Ananias declarou “que há um plano de metas para a reforma agrária sendo
construído e que o MST reivindica o assentamento de, no mínimo, 50 mil
famílias por ano, entre 2016 e 2018”. O deputado cobra um PAC pela
reforma agrária com ações transversais, de infraestrutura e com a
presença do poder público. “É preciso também chamar a atenção do
Judiciário, pois 193 áreas se encontram com processos que impedem a
aquisição pelo Incra. São mais de 986 mil hectares que dependem da
Justiça para a reforma agrária”.
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