domingo, 6 de dezembro de 2015

Vingança anunciada:
Eduardo acunhou o golpe do impeachment

(Por Gervásio Lima) - A população brasileira tem assistido de camarote os acontecimentos políticos ocorridos no Brasil nos últimos meses, principalmente após o resultado do segundo turno da eleição que deu o direito à reeleição para presidente Dilma Rousseff. Ela foi eleita em outubro do ano passado com 54.501.118 sufrágios, vantagem de 3.459.963 sobre o candidato derrotado Aécio Neves.
Colocando em prática uma das mais claras tentativas de golpe, arquitetada há meses, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta quarta-feira (2), que aceitou o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, formulado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal com apoio dos partidos de oposição. O processo foi instaurado com base em denúncia de crime de responsabilidade fiscal do governo da presidente Dilma, as chamadas pedaladas fiscais. A decisão está sendo considerada com uma vingança política, pelo fato de o PT ter anunciado, na manhã do mesmo dia, que votaria a favor da cassação do parlamentar no Conselho de Ética.
Seria cômico se não fosse trágico; Cunha é investigado no Supremo Tribunal Federal e no Ministério Público Suíço sobre a ocultação de 5 milhões de dólares em contas secretas na Suíça.
O Brasil está assistindo atônito as enxurradas de notícias repassadas de todas as formas pela mídia nacional, com e sem responsabilidades. Um momento inédito para a democracia, onde a corrupção tem sido exposta e combatida de uma maneira nunca vista antes no país.
De todos os males, não se pode negar que existe de fato liberdade de expressão no Brasil, pois sem ela não chegariam informações sobre as investigações feitas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, envolvendo figuras, não só da política, mas do empresariado brasileiro, que sim, são tão coniventes e culpados quanto os maus políticos que se locupletam com dinheiro público.
Entidades representativas de segmentos econômicos já perceberam que o que ocorre no país é uma briga política que está inviabilizando a retomada do crescimento da economia. Nada mais é que uma forma encontrada de desestabilizar e tentar reverter os resultados das urnas de outubro de 2014. A crise econômica por ora instalada é bem menor que outras já enfrentadas pelo Brasil.
Acompanhando a sensatez da maioria que defende a prevalência da democracia e do estado de direito, o jornalista da UOL, Mário Magalhães, salientou em artigo postado em seu blog que “O impeachment da presidente da República sufragada em 2014 representaria enorme retrocesso. Aos tempos do século 20 em que se trocava o voto do povo pelo proselitismo das armas”. Para o jornalista, Eduardo Cunha, "desmoralizado por suas contas na Suíça”, está utilizando do ato lesivo da vingança para justificar tal atitude, que não contribuirá em nada para a melhora da economia do país. O pedido de impeachment ocorre em meio a uma profunda crise econômica, com o Brasil atravessando uma recessão que, segundo os especialistas, durará dois anos consecutivos, a mais longa desde os anos 1930-1931.
“Se a escuridão triunfar, atrasaremos em décadas nosso relógio democrático. Não é Dilma Rousseff que está em jogo. Mas a soberania do voto popular, que constitui um dos pilares da democracia”, alerta Mário Magalhães.
“E malandro é malandro
Mané é mané
Diz prá mim!
Podes crer que é
Malandro é malandro
E mané é mané
Olha aí!
Podes crer que é...”
Malandro é Malandro e Mané é Mané – Bezerra da Silva

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